quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Par ou ímpar?

Ímpar!
Um par ímpar!



"Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra"
Caio Fernando.


quinta-feira, 10 de junho de 2010

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Conjuntivite

Janela da alma doente.

Medicação.

Pingar uma gota quatro vezes ao dia. Colírio para a janela, para alma gota de quê?

Deitar, abrir o olho, enxergar o frasco, apertar, ver cair… Sentir pingar e assustar. Incômodo.

Essa gota é como uma crise: ao vê-la se aproximando já se pressente aquele gelado ruim. No entanto, há que se utilizá-la para uma suposta melhora. É o que dizem, ao menos.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Metáfora

Separar um dia da semana pra faxina.

Chegar do trabalho com o "psicológico preparado", entrar em casa e já mexer nos produtos de limpeza. Separar os baldes, panos, rodos e vassouras necessários para o feito. Ter as ferramentas.

Começaria pelo quarto, lugar privado. Acesso restrito. Iniciaria por um pertence: minha bolsa. Papel a papel, ir me livrando do desnecessário, aqueles lixos cotidianos que você, sem saber porquê, guarda e continua carregando meses a dentro.

Guarda-roupa. Olhar o que é seu. O que escolheu para usar em si. O que ganhou. O que não usa mais porque esqueceu que tem. O que gostaria de usar mas não tem coragem. O que poderia ser ofertado. O que necessita ser jogado fora.

Sala. Lugar de transitação, de receber pessoas, de relacionar-se. Definitivamente, levantar os tapetes e tirar as sujeiras de baixo. Estas se acumulam, mesmo que a consciência delas exista. Quase sempre é “mais fácil” pisá-las ao invés de limpar. Mudar os móveis vez por outra é uma boa pedida. Tirar o branco gelo/bege gasto e colocar mais cores nas paredes também.

Cozinha. Utensílios do dia-a-dia com função de alimentar. Limpar, guardar e conservar. Lugar do trivial e da possibilidade de criar. Lugar de troca: servir e ser servido. É bom estar em ordem.

Banheiro. Por esse tenho a maior preocupação e zelo. Canto do renovar-se. Há algo de espiritual aqui.

Queria mesmo era, de uma vez por todas, conseguir faxinar não só a morada.

domingo, 18 de abril de 2010

Fernando Pessoa

Para que não ter por ti desprezo? Por que não perdê-lo?...
Ah, deixa que eu te ignore... O teu silêncio é um leque -
Um leque fechado, um leque que aberto seria tão belo, tão belo,
Mas mais belo é não o abrir, para que a Hora não peque...

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Participou.

O primeiro estalo aconteceu num dia morno. Cinema. Final de semana reprogramado. Idéias de última hora quase sempre trazem algum efeito colateral: 4 horas esperando o filme começar.

“Festa estranha com gente esquisita, eu não tô legal” definia-me muito bem naquele sábado, há tantas horas no shopping. Andei muitas vitrines. Boa parte do tempo foi “gasto” na livraria. Mais um dia de sensibilidade à flor da pele. Desses que você fica atento às pessoas a sua volta, as observa e fica imaginando como são suas vidas.

A mãe lendo pra filha na área infantil dos livros. Duas amigas, de uniformes iguais, conversando no corredor. Casais de mãos dadas e caras fechadas. Famílias inteiras almoçando juntas. Feição dos atendentes na praça de alimentação. Pessoas andando e falando ao celular.

Eu queria descansar. Sentar o corpo e os pensamentos. Um banco aqui, outro ali… Mas nenhum parecia vazio o suficiente para acomodar uma mente tão cheia.

Alguns minutos depois, entregue ao cansaço e já acomodada, estava a observar novamente. Observo o tempo inteiro, o inteiro do tempo. Tão comum que às vezes lembro que esqueço que assim estou sempre.

O banco mirava uma área recreativa. Crianças brincando, essa era a paisagem. 2 minutos de transe (quando você foca o olhar em um ponto e desliga do mundo) foram suficientes para perceber que mais calma ficara. A infância fascina e me faz bem. Busco esse clima sempre, sem consciência.

Um autodevaneio: sentir o mundo e aproveitar dele o que pode me tornar uma pessoa melhor. Autoanálise: buscar incansavelmente entender todas as minhas sensações e posturas. Às vezes, ser eu, me deixa exausta.

A pensar esse enredo permaneci sentada. Veio então a vontade costumeira de partilhar. Pelo menos era assim que eu nomeava até hoje, quando finalmente entendi essa ação.

Celular na mão. Enviar mensagem de texto? Frases desconexas juntas que, de tão subjetivas, saem quase incompreensíveis. Quase, pois quem recebe entende como quem envia. Espelho.

Embora possa parecer pra frentex, sinto, contrariando o título do livro, a insustentável dureza do ser. Diariamente. E assim também é nossa troca de reflexos, diária. Assiduidade que tornou o exercício necessário e que medo (!) tenho eu, aquariana, dessa palavra: necessária.

O segundo estalo aconteceu num dia quente, em que vivi algo denso demais. E no auge desse demais foi com o Espelho que eu escolhi conversar. E a mim não importa se haverá co-respondência. A certeza que busco ao espelho olhar é a certeza de ser compreendida. E foi aí que eu entendi, não é partilha. É, mais uma vez, sublimação. Saber e sentir que alguém, em algum lugar, sente como eu as peripécias do mundo, amortece o impacto que em mim elas causam. Sublimar também pode ser entendido, portanto, como buscar um conforto.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Aquarius

Há uma intensa - e muitas vezes dolorosa - consciência da vida e, sobretudo, a consciência das dores do mundo. Tal nível mais elevado de percepção (sagacidade sem limites) tende a se manifestar inicialmente como amargura e dificuldade em lidar com a realidade e, justamente por isso, é importante aprender a sublimar.

Pausa para uma nota*

*SUBLIMAÇÃO: Mecanismo de defesa pelo qual a energia psíquica de tendências e impulsos inaceitáveis primitivos se transforma e se dirige a metas socialmente aceitáveis, isto é, o inconsciente desloca energia de certas tendências condenáveis ou inaceitáveis, para realizações consideradas "superiores". Dessa forma, as necessidades instintivas e os impulsos inaceitáveis encontram na sublimação uma "saída", um modo "normal" de expressão.

Flores no asfalto, portanto, servirá de "um modo normal de expressão", para as dores do mundo que tanto nos aflige, aguadeiras do zodíaco.